Chama-se Brent Stirton, nasceu na África do Sul, tornou-se cidadão do mundo e tem 39 anos. O seu trabalho é essencialmente fotojornalístico, mas o impacto das fotos que tem tirado, a sua dedicação a causas ambientais e humanitárias fizeram dele, segundo o World Economic Forum, um dos 200 jovens líderes globais de 2009.
Richard Holbrooke, mentor dos Acordos de Paz de Dayton, sete vezes nomeado para o Prémio Nobel da Paz, diz que Brent Stirton é «um bem de valor inestimável». Holbrooke é o presidente da Global Business Coalition against Aids, Tuberculosis and Malaria. Todos os anos, Stirton trabalha três semanas de borla para a organização. «Aproveitamos ao máximo o tempo que nos dá, ao ponto de ele só conseguir dormir poucas horas por dia».
O dia-a-dia de Stirton é viver o pulsar do mundo – terras distantes e secas e famintas e violentas: são nove meses por ano em missões de trabalho. Fotografou a guerra no Iraque, a matança dos gorilas no Congo, os orfãos com SIDA na África do Sul, a devastação no Sri Lanka causada pelo tsunami de 2004. Quando não coloca o seu talento ao serviço de organizações de saúde e ambientais como a World Wide Fund for Nature (WWF), trabalha para as maiores publicações do mundo: National Geographic Magazine, National Geographic Adventure, New York Times Magazine, London Sunday Times Magazine, Discovery Channel, Newsweek, Le Express, Le Monde 2, Figaro, Paris Match, Stern, entre muitas outras.
Em 2006, a revista People combinou com o casal Brad Pitt/Angelina Jolie uma capa com o seu bebé recém-nascido. Os actores aceitaram sob duas condições: os lucros com a fotografia deveriam ser canalizados para instituições de caridade e o fotógrafo teria de ser Brent Stirton. A fotografia gerou cerca de 20 milhões de dólares (13,7 milhões de euros) de lucro e Stirton fez o trabalho anonimamente. Só mais tarde se soube que fora ele o autor da foto. Voltou dois anos depois a fazer mais uma sessão fotográfica com o casal de actores, sob anonimato e nas mesmas condições.
Angelina Jolie já conhecia o fotógrafo quando andou a fazer trabalho humanitário em Serra Leoa – e por isso o escolheu. «Aceito a ironia de que uma foto deste tipo pode fazer mais pelas causas humanitárias do que os trabalhos que tenho feito no terreno», afirmou Stirton numa entrevista a Daryl Lang, do sítio PDNPulse.
As fotografias da matança de gorilas no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, o principal santuário dos gorilas-das-montanhas na África, colocaram uma enorme pressão nas autoridades do país e levaram à detenção de um guarda-florestal do Instituto congolês de Conservação da Natureza, tido como principal responsável pela ordem de execução.
Segundo ambientalistas no terreno, a matança terá servido para desviar as atenções do tráfico de ‘makala’ – carvão ilegalmente fabricado no parque. O fotógrafo esteve lá, e mudou um bocadinho o mundo. Temporariamente, claro.
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